quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

O advogado de defesa de César Boaventura

Continuo firme na minha intenção de não ver lixo televisivo, mas chamaram-me a atenção para uma coisa que é demasiado boa (ou má) para não merecer uma referência.

Como é sabido, César Boaventura (o César das malas, conforme ficou conhecido após ter enfiado a carapuça perante insinuações feitas por Francisco J. Marques relativamente à existência de aliciamento de adversários do Benfica) tem estado particularmente ativo nas redes sociais nos últimos tempos, fazendo a sua defesa e contra-atacando acusando o Porto de cometer ilícitos da mesma natureza daqueles que lhe foram atribuídos. Em causa, estão alegados facilitismos de jogadores em partidas contra o Porto.

Concedendo que se trata de uma pessoa de quem dizem ser especialista no tema em apreço, estas acusações carecem, até ver, de algo mais que consubstancie os ilícitos relatados, ao contrário das acusações que anteriormente foram dirigidas pelo Porto a César Boaventura: o facto de ter acusado o toque perante uma insinuação que apenas mencionava um tal de "César" não abona muito a seu favor, acrescido do facto de a PJ encontrar-se efetivamente a investigar alegados subornos a jogadores para facilitarem vitórias do Benfica, com base em dados encontrados em telemóveis e testemunhos de jogadores.

Voltando às acusações de César, o assunto foi ontem pormenorizadamente abordado por Rui Pedro Braz no MaisTabaco. Ora vejam, e tentem ver se apanham alguma diferença em relação ao seu habitual discurso de quando é o Benfica a ser acusado:


Como certamente tiveram oportunidade de reparar, não houve direito ao discurso das "mãos cheias de nada". Apesar de não existir qualquer dado concreto, apesar de as acusações estarem a ser feitas por alguém cuja credibilidade está na lama, há aqui toda uma tentativa de argumentação de quem está realmente interessado em alimentar a história: "a manifestar-se disponível para ser ouvido pela Polícia Judiciária, não deixa surpreendente como César Boaventura quase que pede para ser ouvido pela Polícia Judiciária, aliás, quem observa todo este processo não pode deixar de ficar alheio a essa leitura, a ideia com que ficamos é que César Boaventura está a fazer tudo isto para ser ouvido pela Polícia Judiciária".

Não estou a dizer que estas acusações têm ou não têm razão de ser. Simplesmente constato a forma diferente como estas acusações foram recebidas e avaliadas por Rui Pedro Braz em relação às muitas outras acusações feitas contra o Benfica ao longo do último ano, bem melhor fundamentadas e suportadas por material concreto.

Terminar com "até ver, a credibilidade de César Boaventura não merece contestação", depois de tudo aquilo de que se tem falado, só dá mesmo vontade de rir. Mas perante esta defesa da reputação, admito que deve haver uma coisa em que eu e o comentador da TVI24 estaremos de acordo: a credibilidade de Boaventura e a credibilidade de Braz estão, nas respetivas áreas de atividade, exatamente ao mesmo nível.


Petição para discussão dos títulos nacionais na Assembleia da República

Está atualmente em curso uma petição para que a questão dos títulos nacionais seja debatido na Assembleia da República. Já foram recolhidas mais de 2.000 das 4.000 assinaturas necessárias para a concretização dessa discussão. 

Os méritos desta iniciativa são evidentes. A FPF promoveu, na década passada, um revisionismo inaceitável de forma a ir ao encontro dos interesses de um clube que se via na iminência de ser ultrapassado por outro na lista de mais títulos conquistados. Ao contrário do que essas pessoas dizem, o verdadeiro revisionismo aconteceu nessa altura, jogando-se para o lixo a memória daqueles que se sagraram campeões nacionais entre 1922 e 1938.

Carreguem aqui (LINK) e, em apenas 30 segundos do vosso tempo, contribuam para a reposição da verdade histórica dos títulos nacionais de futebol.




Exmo. Senhor Presidente da Assembleia da República,

Exmas. Senhoras Deputadas,
Exmos. Senhores Deputados,

Em 2021, Portugal celebra 100 anos de campeonatos nacionais e por isso terão de haver 100 campeões. Actualmente, a Federação Portuguesa de Futebol não reconhece as 17 edições do Campeonato de Portugal (única prova nacional disputada entre 1922 e 1938) não respeitando assim a história dos Clubes e Jogadores que venceram dentro de campo, com as regras da altura e com o aplauso dos adversários.

A história centenária do futebol português não pode ser reescrita nem alterada, sendo que esta luta pela ‘verdade desportiva’ é em defesa da história de clubes como o SL Benfica, FC Porto, Sporting CP, CF Os Belenenses, SC Olhanense, CS Marítimo e Carcavelinhos FC (hoje Atlético Clube de Portugal).

Porque razão estes Clubes têm razão? Basta ler os jornais das décadas de 1920 e 1930; basta ver como outros países europeus resolveram o mesmo problema (Alemanha, Itália e Holanda); basta ler as actas oficiais e outros documentos da Federação Portuguesa de Futebol; basta compreender os modelos competitivos das provas em questão…

O objectivo desta petição pública é obter as assinaturas necessárias para que este assunto seja discutido na Assembleia da República.

Mais informações em:
www.sporting.pt/averdade

M*rdas que só mesmo connosco, nº 16: Crie o seu próprio protocolo

O ano de estreia de VAR no campeonato tem sido um processo de aprendizagem para todos aqueles que estão direta ou indiretamente envolvidos no fenómeno futebolístico: dirigentes, árbitros, treinadores, jogadores, jornalistas e adeptos. Em função da experiência que se foi adquirindo ao longo dos primeiros meses, foram surgindo novos esclarecimentos públicos sobre o âmbito de atuação do videoárbitro: o chamado protocolo.

O protocolo VAR é uma espécie de manual que estipula em que circunstâncias e em que termos pode haver recurso à tecnologia durante um jogo de futebol.

Sendo este um ano experimental, pode e deve haver tolerância para a existência de determinados tipos de lapsos que decorram de uma interpretação em circunstâncias mais complexas. Mas há limites para essa tolerância. Um erro grosseiro, não sujeito a interpretação, com VAR, significa apenas uma de duas coisas: ou o árbitro é incompetente ou o árbitro é desonesto. 

É por isso que o VAR é um pau de dois bicos para os árbitros. Para aqueles que querem fazer um bom trabalho, é uma ferramenta preciosa que permite uma tomada de decisão mais sustentada. Para aqueles que  estão na arbitragem com outros objetivos que não o cumprimento das regras, o VAR acaba por lhes roubar alguma liberdade para vislumbrarem o que não existiu ou fecharem os olhos ao que aconteceu. Uma má decisão tomada em tempo real podia sempre escudar-se na necessidade de julgar um lance no imediato e na capacidade de julgamento limitada ao campo de visão dos elementos da equipa de arbitragem (que podiam não estar no ângulo e distância ideais em relação ao local onde o caso aconteceu). Mas a existência de 7 ou 8 câmaras para consulta e a possibilidade de ter mais tempo para tomar uma decisão aniquila as desculpas que tantas vezes foram utilizadas pelos árbitros para justificar erros grosseiros.

Infelizmente, erros grosseiros continuam a acontecer, com mais frequência do que seria expectável. E de todos esses erros, o mais descarado aconteceu no Sporting - Feirense que se disputou este mês, quando o VAR Manuel Oliveira decidiu anular um golo limpo a Doumbia.



O protocolo do VAR sofreu uma certa evolução no que diz respeito ao ponto até que se deve recuar na análise da existência de alguma irregularidade num lance de golo: primeiro dizia-se que devia recuar até ao momento em que a equipa que marcou recuperou a bola; mais tarde passou a dizer-se que só deve recuar até ao início da vaga de ataque - entendendo-se por vaga de ataque a progressão continuada da equipa com posse de bola na direção da baliza adversária.

Num caso ou noutro, não existe qualquer justificação possível para que Manuel Oliveira tomasse a decisão que tomou, pois mandou anular um golo por causa de uma falta ocorrida antes da última posse de bola do Feirense. Em jeito de brincadeira, Manuel Oliveira decidiu, naquele momento, criar o seu próprio protocolo, mas a crua realidade é que cometeu um erro de tal forma escandaloso, que deveria ser suficiente para ser afastado da arbitragem em definitivo. Numa qualquer atividade que não o futebol, seria o suficiente para que os seus responsáveis nunca mais confiassem na sua competência ou boa vontade. Mas no futebol português, como é habitual em relação aos erros de arbitragem, a culpa morre solteira e é como se nada tivesse acontecido: Manuel Oliveira descansou uma semana e regressou aos relvados no fim-de-semana passado para arbitrar o Santa Clara - Gil Vicente. Afinal ainda há bons empregos...

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Como é fácil mostrar cartões ao Sporting

Ontem, foi a vez de Tiago Martins demonstrar que é muito, muito fácil mostrar cartões a jogadores do Sporting do que aos nossos adversários. Aqui fica uma pequena a mostra do que se passou ontem:


Perante os assobios que se ouviram ontem no estádio, gostaria de perguntar a quem o fez se não seria mais proveitoso atacarem equipas de arbitragem como a de ontem, em vez de atacarem em pleno jogo os nossos próprios jogadores, que, à entrada de março, continuam a manter o Sporting na luta em todas as frentes, contra tudo e contra todos - mesmo contra alguns dos nossos adeptos.


Martins vs Martins


Primeira parte. Rui Patrício pontapeia uma bola para o meio campo. Um jogador do Moreirense salta com Doumbia e amortece-a de cabeça, colocando-a, no entanto, ao alcance de Gelson, que se antecipa a Rúben Lima e passa por ele em velocidade. É derrubado em falta, que corta um lance em que o Sporting ficaria numa situação de 2x1. Jogada de grande perigo cortada de forma dura. O que faz Tiago Martins? Avisa o jogador Rúben Lima que para a próxima leva amarelo. Compare-se isto com o que aconteceu nos lances dos dois amarelos mostrados a Petrovic: uma falta na primeira parte em que derruba um adversário com a coxa no meio-campo do Moreirense, sem que houvesse qualquer perigo ou jogada comprometedora - amarelo forçadíssimo - e uma intervenção sem falta que lhe valeu o segundo amarelo. Pior: mesmo que tivesse havido falta, não era motivo para ver amarelo, pelo que a decisão é duplamente escandalosa.

Semana após semana, vamos assistindo situações em que os rivais vão tendo jogadores sistematicamente poupados de cartões mais que óbvios. Ainda em Paços de Ferreira, viu-se Rúben Dias a ter, com a bola parada, várias ações passíveis da amostragem de cartão, escapando a todas elas de forma olímpica. No Sporting, não há abébias. Tem valido de tudo, incluindo contornar as regras para nos anularem golos limpos. Estando o jogo em aberto, a ordem é para amarelar e expulsar, como já se tinha visto na semana passada com Mathieu. Ontem, estivemos mais meia-hora a jogar em inferioridade numérica e com a obrigação de correr atrás do golo, e, mais uma vez, a vitória a surgir no último suspiro, desta vez pelos pés de Gelson Martins. O outro Martins (Tiago) e o seu quarto árbitro não mereciam tamanha desfeita.




Estrelinha - mais uma vitória a surgir nos descontos através de um golo marcado com um ressalto, em desvantagem numérica, após uma segunda parte exibicionalmente paupérrima, que nos permite ir ao Dragão a depender apenas de nós próprios para reentrarmos na discussão pelo primeiro lugar. Ainda assim, convém relembrar que o Sporting fez o suficiente para ganhar o jogo na primeira parte, com três oportunidades de golo flagrantíssimas desperdiçadas por André Pinto, Bryan Ruiz e Bruno Fernandes.

Leão decisivo - não entrou bem, mas teve uma participação decisiva no segundo golo: recuperação de bola em carrinho, levantando-se e arrancando em direção à área adversária com um drible e aguentando duas cargas de adversários antes de fazer a assistência para Gelson Martins.

Não esquecer São Patrício - é fácil esquecer depois de todas as incidências, mas Rui Patrício fez (mais) uma defesa monumental que manteve o resultado a zeros. Grande época.



A arbitragem - para além da expulsão de Petrovic, para além da dualidade de critérios, para além de uma quantidade considerável de faltas que deixou por assinalar, Tiago Martins ainda conseguiu a proeza de dar apenas 4 minutos de compensação num jogo que teve muitas paragens. Uma prestação inenarrável que esteve muito perto de ter influência no resultado. De positivo, apenas a decisão de anular (bem) o golo do Moreirense, após controlo de bola com o braço por parte de Bilel.  

Qualidade exibicional - mesmo na primeira parte, em que dispusemos de boas oportunidades, para marcar, não se pode dizer que a exibição tenha sido positiva - fio de jogo inexistente e incapacidade para dominar efetivamente a partida, prevalecendo quase sempre o esforço sobre a organização. A segunda parte foi para esquecer, principalmente a partir do momento em que ficámos a jogar com dez. Montero mais uma vez inexistiu, Doumbia foi a imagem da equipa, conseguindo desequilibrar somente em esforço, Bryan Ruiz passou ao lado do jogo (com exceção de uma brilhante assistência para Bryan Ruiz). Com tanta desinspiração na frente, fica muito mais complicado ganhar jogos.

A expulsão de Gelson - compreendo que apenas queria dar força a um grande amigo que passa por um momento muito complicado na sua vida, mas... havia tantas outras formas de o fazer... Atitude irresponsável que nos impede de nos apresentemos na máxima força no Dragão, que será um jogo absolutamente decisivo. De qualquer forma, não merece que coloquem em causa o seu profissionalismo: Gelson Martins tem feito uma época a jogar sempre no limite, sem nunca se poupar ou fugir ao choque - basta lembrar que viu o primeiro amarelo por ter feito de pronto-socorro defensivo no flanco oposto ao seu...



Condicionantes sem fim - há motivos para ficarmos preocupados com as dificuldades recentes em ganhar jogos? Sim, com certeza, são demasiados jogos consecutivos a não conseguirmos assegurar a vitória a tempo e horas. No entanto, convém haver consciência das condicionantes que este grupo de trabalho tem enfrentado: sobrecarga de jogos (10 partidas nos últimos 33 dias); lesões de jogadores importantes (Dost e Gelson); arbitragens constantemente desfavoráveis (que têm ido do simples inclinar de campo até a roubos de igreja - Europa incluído); e, no caso do jogo de ontem, uma síndrome gripal que atacou vários jogadores do plantel, fazendo com que apenas quatro dos habituais titulares (Patrício, Coates, Bruno Fernandes e Gelson) tenham jogado na sua posição normal. É preocupante que o banco tarde a dar a resposta necessária em determinados lugares-chave, mas ontem não havia mesmo condições para a equipa se apresentar com um rendimento próximo do desejável. 

Nota artística: 2

MVP: Gelson Martins



Não consegui festejar a vitória, tal era a revolta por mais uma arbitragem degradante e a preocupação por uma exibição fraquíssima. Mas no final, o que conta, são mesmo os pontos conquistados. Que, neste caso, foram três, e nos mantêm na luta. Veremos durante quanto tempo.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Boicote à miserabilidade

Houve uma altura em que via os programas de segunda à noite sobre futebol com bastante regularidade. Quem diz os de segunda à noite, diz também os de domingo à noite e aqueles que, carregados de cartilheiros que se apresentam aos telespectadores como comentadores isentos, gostam de nos presentear com informações das suas "fontes" numa regularidade diária ou bidiária. Aos poucos, fui deixando de ver alguns, cansado da desonestidade intelectual que por ali abunda. Com o tempo, cheguei a um ponto em que deixei de os ver a todos, bastante antes de Bruno de Carvalho ter apelado a isso na Assembleia Geral. 

Por que é que deixei de os ver? Ao contrário do que possam pensar, não foi nenhuma decisão repentina alimentada por um espírito de revolta contra quem só sabe falar mal do Sporting. Foi porque às tantas dei por mim a perguntar-me por que razão desperdiçava tanto tempo a ver entretenimento tão mau. Nada daquilo é informação. É entrenimento desonesto, um insulto à inteligência de quem vê. Não foi nenhuma decisão de cariz político ou estratégico, não foi nenhum boicote, simplesmente... foi acontecendo. Tanto não foi que, esporadicamente, ia passando os olhos por um ou outro programa - normalmente para me banhar na azia de certas pessoas após um bom resultado do Sporting.

Mas desde que Bruno de Carvalho fez o apelo a que não se consumisse o peixe que malta desonesta como aquela nos quer vender, já nem o espírito mirone para observar a miséria e miserabilidade alheia me leva a ir lá. Faço-o de livre vontade, por entender que, efetivamente, é a única atitude lógica que posso ter perante o lixo que nos querem impingir. Já está mais que comprovado que o brio profissional significa pouco para aquela gente, então resta ir-lhes ao bolso não lhes dando nem um minuto de audiências.

Querem ouvir falar de bola? Há por aí muitos podcasts independentes (no sentido de não serem financiados por nenhum dos media mainstream ou por clubes), de analistas sérios ou de adeptos assumidos, que, apesar de não disporem da mesma qualidade de meios técnicos, dão quinze a zero a qualquer Mais Tabaco, Prolongamento, Dia Seguinte, Trio de Ataque, Liga de Ouro, Pé em Riste,  Juízo Final, Tempo Extra ou Playoff da vida. Comecem, por exemplo, pelo Sporting160: AQUI (link direto) ou AQUI (iTunes).

Façam um esforço, resistam às tentações que possam surgir, e daqui a umas semanas nem se vão lembrar de que aqueles programas existem. Há boicotes que valem a pena. Acreditem: a vossa sanidade mental vai agradecer.

Moço de recados

Na passada quinta-feira, José Ribeiro relatou dois episódios da sua passagem pelo Record em que Nuno Farinha serviu de correia de transmissão do Benfica e tentou impor a vontade do clube sobre a reputação de dois dos seus jornalistas e do rigor noticioso do próprio jornal.

A primeira das situações foi bastante falada na altura: após uma entrevista do Record a Jorge Jesus, pouco depois da mudança do treinador para o Sporting, Pedro Guerra disse que Jesus, em off, teria falado mal da estrutura do Sporting. Isso valeu a colocação de um processo por parte de José Ribeiro a Pedro Guerra - o que também foi público na altura. O que fez Nuno Farinha, na sua condição de subdiretor? Defender o colega? Não, tentou pressionar o colega a abandonar o processo a Pedro Guerra.

A segunda situação tem a ver com declarações de Talisca após o empate do Besiktas na Luz, no princípio da temporada passada. O brasileiro disse, após o jogo, que houve uma altura em que o Benfica não lhe pagou um salário. O Benfica conseguiu pôr a circular em alguma imprensa que isso não era verdade, coisa que, na altura, desmontei aqui: LINK. Mais uma vez, qual foi a preocupação de Nuno Farinha? O rigor na informação dada aos leitores? Infelizmente, também não.

Aqui fica o vídeo:


Infelizmente, está visto que o sujeito em causa se comportava mais como um moço de recados do que como um subdiretor de um jornal. Nada que surpreenda, face aos mails que têm aparecido. Pelo menos aí houve um momento de total sinceridade, quando Farinha escreveu a Paulo Gonçalves umas palavras que espelham bem o que se tem passado ao longo dos últimos anos: "nunca te falho".


sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Sporting - Plzen nos oitavos-de-final


Sorteio teoricamente favorável, considerando os adversários que nos poderiam calhar. O Plzen eliminou ontem o Partizan e venceu o seu grupo (relativamente acessível) da Liga Europa com quatro vitórias e duas derrotas. Perdeu 3-0 em Bucareste com o Steaua e 3-2 em Lugano.


Curiosamente, o Plzen foi parar à Liga Europa por ter sido eliminado na terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões frente... ao mesmo Steaua, que o Sporting depois eliminaria nos play-offs.


Internamente, tem o campeonato na mão, liderando a classificação com 14 pontos de avanço sobre o segundo, decorridas 17 jornadas, o que significa que poderão poupar-se para os dois jogos com o Sporting. Sporting que apanhará os checos no meio de um ciclo tão terrível quanto decisivo.


Convém, no entanto, alertar que, segundo as contas do jornal O Jogo, o Plzen parte para esta eliminatória com os mesmo pontos que o Sporting - pois os checos também desperdiçaram dois pontos na eliminatória anterior com o Partizan.


O nosso Nhaga fez bem o seu trabalho. Cabe agora a Jesus e aos jogadores fazerem o resto.

O clube democrata que impõe um especialista de arbitragem a um jornal

Quem não viu, tem de ver: o programa Verde no Branco de ontem é absolutamente imperdível. Contou com a participação de Bruno de Carvalho, Nuno Saraiva, Carlos Reis, e também de José Ribeiro, ex-jornalista do Record que foi recentemente contratado pelo Sporting. O programa foi dedicado quase exclusivamente à Comunicação Social, e foram feitas várias revelações que todos os sportinguistas devem ter conhecimento, para perceberem até que ponto é doentia a promiscuidade entre o Benfica e certos jornalistas, jornais e televisões.

Nos próximos dias hei-de dedicar mais alguns posts sobre algumas das revelações que foram feitas ontem. Para já, começo por pegar numa história que confirma mais uma daquelas teorias da conspiração de que os maluquinhos dos sportinguistas são pródigos.

Aqui fica o vídeo.


Resumindo: atualmente, as análises aos casos de arbitragem do Record são feitas por Marco Ferreira e Jorge Faustino. Jorge Faustino, que já era comentador de arbitragem da TVI, foi imposto pelo Benfica ao Record para que Marco Ferreira - que, como é sabido, deve o final de carreira ao Benfica - não analisasse os lances sozinhos. O Benfica queria ter "um dos seus" a comentar casos de arbitragem, e conseguiu mesmo ter "um dos seus". José Ribeiro disse também que Marco Ferreira tinha sido contratado para evitar que se repetissem casos de jornalistas a inventarem erros de arbitragem para que o Benfica liderasse (ou se reduzisse a diferença para o Sporting, que a liderava) na sua Liga da Verdade (uma classificação alternativa que o Record vai fazendo com as correções dos pontos a mais ou a menos que cada equipa tem por causa de erros de arbitragem).

O exemplo que José Ribeiro deu foi do Estoril - Sporting de 2015/16. Juro que, ainda antes de José Ribeiro dar o exemplo desse jogo, me tinha lembrado precisamente desse caso. Quem fez essa análise de arbitragem foi Nuno Farinha, que conseguiu ver dois penáltis não assinalados contra o Sporting que mais ninguém viu: uma mão de Aquilani (que tinha o braço imóvel e colado ao corpo) e uma falta de Coates por agarrão a um adversário, quando, na realidade, o adversário tinha o braço engachado no braço de Coates. Na altura, escrevi um post sobre isso, que podem ver aqui: LINK.


Assim, uma vitória de 2-1 do Sporting passou a valer 0 pontos na Liga da Verdade do Record. 

Surreal e nojento, por dois motivos distintos. O primeiro é mais uma demonstração do trabalho a que o Benfica se dá para manipular tudo o que direta ou indiretamente lhe diga respeito. O segundo é constatar que um jornal que nos últimos dias tem rasgado as vestes perante o apelo de Bruno de Carvalho para que os sportinguistas não comprem jornais, afinal, permite que o Benfica lhe imponha um especialista de arbitragem para os seus quadros. Mas afinal quem é que aqui anda a alimentar ditaduras?

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Hoje é dia de velório na SIC

(obrigado, Miguel Martins!)



Sporting Clube de Pyongyang e Bruno de Carvalho, o pequeno ditador




Na passada quarta-feira, o jornal Público apontou as baterias para o discurso de Bruno de Carvalho no encerramento da última assembleia geral. Como se pode ver, os termos não foram nada meigos: em dois espaços de opinião, Bruno de Carvalho e o Sporting foram comparados ao regime nortecoreano, à Alemanha nazi, à Itália de Mussolini, à Santa Inquisição e à IURD. O presidente do Sporting, em particular, foi acusado, de forma bastante colorida - com recurso a analogias que referem alguns dos piores episódios da história da humanidade -, de querer controlar o pensamento dos sportinguistas e de punir sem piedade todos aqueles que não seguirem as instruções dadas.

Estas comparações são a parte mais insultuosa para Bruno de Carvalho e para a instituição Sporting - e, por inerência, a muitos dos seus sócios e adeptos. Mas eu, sócio que esteve presente na AG e que votou a favor dos três pontos em apreciação, sinto-me também insultado pelos atestados de estupidez que me foram passados pelo diretor David Dinis e pelo colunista João Miguel Tavares. Os trechos a que me refiro são:
"O presidente de um clube que pôs 90% dos associados numa assembleia geral a aceitar dar-lhe plenos poderes de julgamento, sem que algum deles saiba sob que critério serão utilizados."
"É certo (...) que apenas seis mil sportinguistas subscreveram as suas posições em assembleia geral (falta ainda escutar a opinião de 99,82% dos adeptos)"

Mais valia terem-me chamado carneiro e ignorante. Pelo menos poupavam algumas linhas de texto.

Sou apoiante de Bruno de Carvalho, mas o meu apoio não é, nunca foi, nem nunca será incondicional. Sei avaliar a qualidade do trabalho que tem sido feito por si e pela direção - quer o bom, quer o mau -, e consigo identificar virtudes e defeitos importantes na sua personalidade. Votei a favor dos três pontos em função das expectativas que tenho do uso que será dado aos poderes que estou a dar aos órgãos sociais com o meu voto - expectativas essas que se baseiam em cinco anos de acompanhamento muito próximo do trabalho e das decisões tomadas ao longo destes cinco anos. Na realidade, expectativas bastante melhor formadas do que aquelas em que o cidadão comum se baseia quando, por exemplo, se desloca às mesas de voto para umas eleições legislativas - não só não sabe que deputado está a eleger, como sabe muito pouco do Governo que poderá ser formado com a contribuição do seu voto. Sabe quem é o candidato a primeiro-ministro e conhece, de forma relativamente vaga, os pontos principais do programa de governo que foi proposto. E também nunca vi um Governo perder ou ganhar legitimidade em função do nível de abstenção registado. Para a realidade das AG's de clubes, esta foi bastante concorrida, pelo que não faz qualquer sentido que se questione a legitimidade das decisões tomadas por não terem estado presentes 99,82% dos adeptos. Aliás, nem faz sentido que, neste contexto, se fale em adeptos. Só os sócios podem votar.

Existe sempre uma certa dose de incerteza em qualquer eleição ou processo de escolha. Neste caso, os últimos cinco anos dão-me uma segurança razoável de que não haverá abuso de poder. Apesar de já existirem meios para punir sócios, apesar de o presidente ser um homem que nunca foi poupado no momento de apontar o dedo perante críticas que lhe façam, apenas dois - Godinho Lopes e Paulo Pereira Cristóvão - foram expulsos desde que Bruno de Carvalho assumiu o cargo de presidente - e nenhum dos casos foi por delito de opinião. A meu ver, até é um número que peca por escasso. Não desejo nem acredito que algum sócio venha a ser expulso por criticar - ou até injuriar - a atual direção, pois é uma punição que deve ser reservada para quem causa grandes danos ao clube ou comete atos de traição. Portanto, os poderes existentes têm sido utilizados com bom senso, e, respondendo a David Dinis, tenho boas razões para acreditar que será isso que se continuará a verificar.

Sabem a expressão "os entendedores entenderão"? Pois bem, os entendedores - aqueles que, gostando mais ou menos do homem, percebem a perseguição de que o Sporting tem sido alvo por parte da generalidade da comunicação social desportiva - entenderam o que Bruno de Carvalho queria dizer. 

Interpretar o discurso de Bruno de Carvalho como uma espécie de manifesto fascista com o propósito final de controlar informação, opiniões e ações dos associados e adeptos é um enorme exagero que apenas denuncia, na realidade, quem faz essa acusação. Só mesmo quem se deixa cegar pelo estilo de Bruno de Carvalho é que pode afirmar de forma peremptória algo que, na realidade, é impossível de pôr em prática. Como é que Bruno de Carvalho pode monitorizar os canais de televisão que uma pessoa vê em sua casa? Ou os jornais que o adepto compra quando passa por um quiosque? Ou as estações de rádio que o sócio ouve no carro? Ou os links em que todos eles carregam quando estão em frente a um computador? Em primeira, segunda, terceira e última análise, a decisão cabe única e exclusivamente a cada um dos indivíduos, sem coações de qualquer espécie. E, acima de tudo, Bruno de Carvalho não está a fazer qualquer imposição aos órgãos de comunicação social - outra característica dos regimes ditatoriais -, que poderão continuar a escrever e dizer tudo o que quiserem em total liberdade. Sujeitam-se é que os sportinguistas, usufruindo dessa mesma liberdade, não consumam o seu produto caso persistam em manter a sua falta de isenção e total desonestidade intelectual.

Não sei se David Dinis ou João Miguel Tavares são católicos praticantes, mas deviam olhar para o apelo de Bruno de Carvalho com maior benevolência do que as imposições que a Igreja Católica faz ao, por exemplo, proibir o uso de meios anticoncecionais. Sendo católicos, como aceitam isso? Seguem à risca? Ou permitem-se tomar algumas liberdades extra-doutrinárias em função das suas crenças pessoais? Seja uma ou outra a escolha, também acusam a Igreja de ser uma instituição fascista?

Não faz qualquer sentido, pois não?

Bruno de Carvalho apelou, não ordenou. Há alguma coisa de errado em sugerir aos sportinguistas que deixem de consumir o lixo diário que as televisões e os jornais emitem, como programas de paineleiros, programas de informação pseudo-independente que contam com a participação de vários cartilheiros, colunas de opinião de jornalistas desonestos que estão a soldo dos interesses de certos clubes? Pelo contrário, fez muito bem em fazê-lo. A carteira e a sanidade mental de muitos sportinguistas agradecem. 

Perante a constatação de que nada do que foi feito até agora tem travado a perseguição da comunicação social ao clube, sugeriu que os sportinguistas os atingissem no seu ponto mais sensível - o seu bolso. Aliás, a imediata e enérgica reação corporativista da classe dos jornalistas e dos órgãos de comunicação social - que sempre se mantiveram calados perante o atropelo diário do código deontológico de muitos dos seus membros - demonstra a enorme preocupação que a sugestão de Bruno de Carvalho lhes causou. Percebe-se facilmente o motivo: o mercado encolhe ano após ano face ao aumento sistemático de opções de consumo, e não é nada conveniente que percam nova fatia significativa das vendas ou audiências.

Em última análise, a carga insultuosa que pode ser observada nos artigos de opinião de David Dinis e João Miguel Tavares ajudam a perceber que, se calhar, Bruno de Carvalho tem mesmo razão: por muito radical que tenha sido a sua proposta de boicote, fica abaixo dos níveis de radicalismo que são dirigidos contra o Sporting numa base diária.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Só para aqueles que verdadeiramente amam o futebol

Não sei como é que esta jogada não correu mundo. Que grande momento de futebol das pérolas do Seixal que foi partilhado pelas redes sociais do Benfica. Isto é material para Luís Freitas Lobo dissertar de forma poética. William, Gelson e Podence, roam-se de inveja.


Os pagamentos indiretos do Benfica via escritórios de advogados

As notícias que têm saído ao longo dos últimos meses sobre as suspeitas de corrupção que recaem sobre o Benfica têm referido que o Ministério Público desconfia que o clube recorre a escritórios de advogados para servirem de intermediários no pagamento de favores ilícitos, sob o pretexto de prestação de serviços jurídicos.



Como é que funciona este esquema na teoria? Se a entidade B quer entregar uma soma avultada ao fulano A, não o faz diretamente. A entidade B pede ao escritório de advogados E que entregue uma determinada verba ao fulano A - o método escolhido pode variar em função da atividade de pessoas de confiança de A (ex.: se A tiver um irmão que é dono de uma empresa de brindes, o escritório E faz uma compra fictícia de brindes e entrega o dinheiro a A através do irmão), e, mais tarde, o escritório de advogados E passa uma fatura de serviços jurídicos à entidade B.

Desta forma, fica tudo devidamente declarado - a entidade B pode justificar o gasto nas suas contas, e o fulano A facilmente arranja forma de justificar o dinheiro que lhe chegou às mãos -, sem que haja nenhuma ligação direta entre a entidade B e o fulano A.

Os emails divulgados demonstram que, efetivamente, o Benfica utiliza escritórios de advogados como intermediários para fazer pagamentos aos quais não quer ficar associado. O caso concreto de que vou falar não é um caso necessariamente ilícito, mas eticamente é bastante questionável.


O "assunto" delicado

A partir deste momento, vou abordar um tema que já foi referido por outros blogues, mas acrescento-lhe alguns elementos que ainda não tinham sido divulgados.

No dia 9 de setembro de 2010, Paulo Gonçalves recebeu um email do advogado José Luís Seixas, do escritório Correia, Seara, Caldas e Associados, com o assunto "No Name Boys". Esse email não é mais do que o reencaminhamento de uma mensagem de um outro advogado, chamado Nuno Areias, pertencente a um outro escritório - neste caso João Nabais e Associados.


Não é referido no email qual é o "assunto" delicado referente aos No Name Boys, mas esta notícia (LINK) pode lançar uma luz sobre o que se trata:


Alguns meses antes (a notícia é de maio de 2010), o advogado Nuno Areias representara membros dos No Name Boys num julgamento por tráfico de droga. Considerando a intenção de avançar para recurso que se pode ler no último parágrafo da notícia, é bastante possível que, à data do email enviado a Paulo Gonçalves, Nuno Areias fosse ainda advogado desses membros da claque benfiquista.


A "ponte"

No dia seguinte, ou seja, a 10 de setembro de 2010, Paulo Gonçalves envia um email a Miguel Moreira e a Domingos Soares de Oliveira, onde se fica a saber qual a natureza do pedido de Nuno Areias:


Em causa estava o pagamento do Benfica à João Nabais & Associados de um determinado valor pela defesa dos membros dos No Name Boys. Não estamos, no entanto, a falar da despesa total - pois, como se pode ver no email, o mesmo procedimento já tinha sido levado a cabo pelo menos uma vez, na primeira fase do processo judicial.

E qual o procedimento? O Benfica paga à Correia, Seara, Caldas e Associados que, por sua vez, paga à João Nabais & Associados. Conforme se pode ler, José Luís Seixas serve apenas como "ponte" entre o Benfica e a empresa de advogados que fazia a defesa dos elementos da claque.


A fatura e o serviço

Conforme tinha referido, Paulo Gonçalves envia novo email imediatamente a seguir com a tal "justificação do valor em causa".


No email está um anexo que tinha sido enviado por José Luís Seixas em julho desse ano. O anexo é um documento com duas páginas:




Isto é uma fatura de 18.600€ passada pela João Nabais & Associados à Correia, Seara, Caldas e Associados, presumivelmente referente à defesa prestada pela primeira empresa aos membros dos No Name Boys. O resto do esquema é fácil de perceber: a CSCA paga à João Nabais os 18.600€ e depois passa fatura ao Benfica para receber esses mesmos 18.600€. Desta forma, o Benfica terá - alegadamente, tudo o que está aqui é alegadamente - pago a defesa dos membros dos No Name Boys num caso de tráfico de droga - volto a referir que estes 18.600€ correspondem apenas a uma tranche - sem que fique registado qualquer envolvimento direto do clube no processo.

Mas o mais delicioso nisto tudo é a designação do serviço prestado pela João Nabais & Associados: parecer sobre o regime fiscal e penal dos pagamentos em sociedades localizadas em países terceiros relativos a transferências de jogadores de futebol.

Entre os ficheiros do Benfica colocados na internet está o SAF-T da época de 2010/11, onde se pode comprovar que a CSCA faturou os 18.600€ ao Benfica e que o Benfica procedeu ao pagamento dessa quantia.



A tranche de março

No dia 17 de março de 2010, Paulo Gonçalves recebe um email de José Luís Seixas sobre o mesmo tema.


É fácil perceber que o que está a ser combinado entre José Luís Seixas e Nuno Areias é a natureza do serviço que será espetado na fatura que, desta vez, era do valor de 12.000€ (10.000€ + IVA). O pretexto, desta vez, foi um "parecer sobre o regime jurídico de prevenção da violência no desporto e a organização do espectáculo desportivo."





Para que não restem dúvidas que também aqui se fala do julgamento dos membros dos No Name Boys...



O recurso

Dois meses mais tarde, em novembro, Paulo Gonçalves dá sequência aos emails de setembro perguntando a José Luís Seixas (a "ponte" com Nuno Areias) qual o ponto de situação do recurso.


É legítimo presumir, perante isto, que o Benfica também terá - alegadamente, once again - pago as despesas do recurso dos dois membros dos No Name Boys condenados por tráfico de droga em primeira instância.


Cronologia (inclui mails que não coloquei aqui por serem redundantes)

17 de março de 2010: é combinado o pagamento de uma tranche de 12.000€
22 de março de 2010: é emitida a primeira fatura da João Nabais & Associados à CSCA
8 de abril de 2010: Nuno Areias pergunta se rececionaram a fatura e pede o seu pagamento
29 de maio de 2010: fim do julgamento com a condenação dos três representados de Nuno Areias
1 de junho de 2010: Nuno Areias diz que necessita de um reforço de 10.000€
1 de julho de 2010: Nuno Areias diz que 10.000€ é insuficiente e aumenta o valor para 18.600€ 
18 de agosto de 2010: Nuno Areias volta a pedir o pagamento
9 de setembro de 2010: Nuno Areias reforça o pedido de pagamento
10 de setembro de 2010: Paulo Gonçalves dá ordem de pagamento
15 de novembro de 2010: Paulo Gonçalves pergunta o ponto de situação do recurso

Concluindo: o Benfica terá - alegadamente, alegadamente, alegadamente - pago pelo menos 30.600€ pela defesa dos membros dos No Name Boys por tráfico de droga utilizando um escritório de advogados como intermediário. Não é de espantar, portanto, que o Ministério Público suspeite que o esquema seja utilizado para facilitar a obtenção de outro tipo de... serviços.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Sindicato falhado

Excelente texto de José Diogo Quintela para o Correio da Manhã:


Há duas formas de um Presidente condicionar a informação que chega aos adeptos. Uma é dizer para não a lerem. Outra é pagar a jornalistas para a manipular – entre outras fraudes ainda por noticiar, já que o tal Presidente processa quem se atrever a investigar os mails, vulgo fazer jornalismo. O Sindicato dos Jornalistas insurge-se contra a primeira forma. São gostos.

O SJ diz que Bruno de Carvalho convive mal com a liberdade de imprensa. No que diz respeito à imprensa desportiva é uma suspeita impossível de provar: é como um pastor queixar-se o seu cão se dá mal com os seus unicórnios. ‘Imprensa desportiva livre’ é um oximoro ao nível de ‘sarrabulho vegan’.


Mood



Vitória hardcore

Começa a ser uma ciência: quando o Sporting ganha à tangente, pode-se aferir a importância da vitória e o nível da azia dos rivais pelo tempo que o presidente do clube adversário passa na sala de imprensa após o final da partida. Nesse sentido, considerando que defrontávamos uma espécie de Benfica C (sendo que o Braga é o Benfica B e o Benfica B é o Benfica D), o jogo de ontem não poderia ter terminado de forma mais apropriada para testar a teoria acima exposta. Golo marcado nos descontos dos descontos dos descontos que deu direito a um presidente na sala de imprensa a mostrar fotos de mazelas de jogadores em lances perfeitamente limpos e a barafustar com a compensação de tempo demasiado esticada por João Capela (aqui com alguma razão, admita-se). Sendo esse presidente um benfiquista assumido que tem o condão de contagiar esse benfiquismo aos treinadores e jogadores que lidera sempre que a sua equipa defronta um grande - principalmente quando o adversário é o Benfica - é fácil compreender a sua a frustração - não tanto pelo ponto perdido - que não lhe deverá fazer particular falta, considerando que o objetivo da manutenção está bem encaminhado -, mas sobretudo pela mala que voou e pela impossibilidade de um certo rival do seu adversário poder assumir o segundo lugar isolado na classificação. Há dias assim.

Foto: Vítor Parente / Kapta+ (zerozero.pt)



Até ao fim - as circunstâncias eram bastante desfavoráveis: havia o desgaste acumulado durante a semana com duas viagens intercontinentais e uma partida exigente, e, para piorar, um dos poucos jogadores poupados a esse esforço foi expulso, deixando a equipa em desvantagem numérica durante meia-hora. Jesus preferiu não mexer na equipa e colocou William como central improvisado. Como seria de esperar, o Sporting não foi capaz de fazer um final de partida tão esclarecido como seria desejável, mas nem por isso deixou de criar ocasiões para marcar. Foi um daqueles jogos ganhos com o coração, graças à superação de esforço de todos os que estavam em campo. Vitória hardcore, mas inteiramente merecida.

A importância de ter Dost - marcou mais um golo que foi só encostar, correspondendo a um magnífico cruzamento de Acuña, mas o holandês teve participação decisiva na construção da jogada, fazendo a ligação com Bruno Fernandes (que depois faria o passe para Acuña) com um precioso toque em habilidade. Não marcou o segundo golo, mas também teve um papel fundamental na jogada ao servir Doumbia com um toque de cabeça em esforço. Ricardo Costa antecipar-se-ia ao costamarfinense desviando a bola para o poste, e Coates faria o resto. O regresso de Dost não podia ter corrido de melhor forma.

A resposta ao golo do Tondela - boa reação da equipa, que aumentou a velocidade de execução e a pressão sobre o adversário, encostando o Tondela às cordas. O golo de Dost surgiu com naturalidade, e a equipa poderia ter perfeitamente chegado ao intervalo em vantagem.



Equipa hardcore - Pepa prometeu e a sua equipa não o desiludiu. A partir do momento em que o Sporting começou a mandar no jogo, o Tondela entrou em modo castanhada e conseguiu superar largamente a média que faz deles a equipa mais faltosa da liga. 24 faltas, algumas delas bastante duras e que não nem sempre foram punidas em conformidade, que ajudará a subir a média de 18 faltas que tinham até esta jornada. Curiosamente, Pepa ainda não explicou em que ilha deserta ficou perdida a equipa hardcore no dia do jogo contra o Benfica, partida que apenas cometeram... 8 faltas. Uma equipa pouco séria, que tem por hábito ser das mais duras do campeonato, mas que estende a passadeira quando o adversário ao Benfica. A rábula do presidente do Tondela após o final do jogo foi a cereja no topo do bolo. Se há uma equipa que merece perder desta forma hardcore, o Tondela é seguramente uma delas.

(via @paravertudo)



A arbitragem - João Capela fez uma excelente arbitragem... até ao tempo de descontos da primeira parte. Deu apenas um minuto adicional (quando houve uma assistência que, sozinha, durou quase dois minutos) e nem deixou marcar um canto conquistado antes desse minuto adicional se ter esgotado. A segunda parte foi muito fraca, com erros para os dois lados. O mais falado é, obviamente, a extensão do tempo de descontos da segunda parte, que foi exagerado (apesar de não tão exagerado como se diz por aí, pois houve imensas paragens após os 90'). Mas, por outro lado, os quatro minutos de descontos, numa segunda parte que teve muitas paragens e substituições, foram compensação demasiado curta. Mathieu foi bem expulso, mas Pedro Nuno devia ter visto também ordem de expulsão - segundos antes tinha simulado uma falta sem ver amarelo, e a varridela a Rúben Ribeiro foi alaranjada. Pareceu-me haver um penálti por assinalar sobre Coates aos 73', mas infelizmente o VAR não fez a revisão desse lance. O amarelo a Murillo por simulação não faz sentido: apesar de não ter havido penálti, o desequilíbrio é natural face à pressão que estava a sofrer de ambos os lados. Coates devia ter visto amarelo por tirar a camisola nos festejos. Arbitragem obviamente negativa, mas não tão inclinada quanto os Benfica Press's da vida quererão fazer crer.

A expulsão de Mathieu - segundo amarelo bem visto, numa asneira pouco compreensível num jogador tão experiente. Esteve muito perto de comprometer decisivamente a conquista dos três pontos.



Nota artística: 4 até à expulsão, 3 no geral.

MVP: Bas Dost



Vitória hardcore, obtida no final de um tempo de descontos hardcore, contra uma equipa que prometia ser hardcore e foi efetivamente hardcore. Curiosamente, foi uma espécie de reedição do jogo de estreia do Tondela na I Liga, em casa emprestada... contra o Sporting, que também terminou em 2-1, com o golo da vitória a surgir aos 98'. Três pontos absolutamente fundamentais.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Dez perguntas para jornalistas

1. Acham normal que o diretor de um jornal tenha três artigos publicados no espaço de pouco mais de um mês com opiniões diametralmente opostas sobre o VAR? Mais concretamente, conseguem explicar-me o texto de 29 de abril? (Retirado daqui: LINK + LINK)



2. Acham normal que o jornal A Bola aceite publicar entrevistas a Vieira em que, na realidade, as respostas já tinham sido escritas por António Galamba e entregues previamente, e em que o encontro com do diretor adjunto, José Manuel Delgado, com o presidente do Benfica se limitou a ser uma sessão fotográfica para fazer crer que as respostas foram dadas pelo próprio naquele momento? 


3. Acham normal que um assalariado do Benfica com o pelouro da propaganda sugira a Vieira que se corrompa jornalistas para obter informações e espalhar as suas "notícias"? E que, após ter feito tal proposta, se mantenha ao serviço desse clube?




4. Acham normal que existam (ou tenham existido durante anos a fio) comentadores apresentados como isentos em programas de televisão ou rádio, como Rui Pedro Braz, José Manuel Freitas ou José Nunes, que recebem propaganda de Carlos Janela numa base regular?

5. Acham normal que o Benfica se sinta no direito de definir aquilo que pode ou não ser noticiado pela Comunicação Social?


6. Acham normal que jornalistas insultem regularmente o presidente do Sporting e mintam sobre a realidade do clube?



7. Acham normal que um jornalista tenha gravado e publicado uma conversa em off com o presidente do Sporting?

8. Acham normal que jornalistas analisem acontecimentos semelhantes de forma totalmente distinta, apenas em função do clube que está em causa?


9. Acham normal a disparidade de cobertura que se dá a dossiers problemáticos para o Sporting e para o Benfica, independentemente da gravidade ou relevância dos mesmos? Alguns exemplos (e poderia arranjar muitos mais): Football Leaks sobre o Sporting vs Emails do Benfica; tentativas de agressão a jornalistas em Alvalade ou na Luz; situação de Zé Turbo vs situação de Romário Baldé; o destaque dado ao caso de associação criminosa de Paulo Pereira Cristóvão vs caso de tráfico de droga do Zé do Benfica ou à morte de Marco Ficcini em 2017; os espaços de opinião regulares dados à oposição a Bruno de Carvalho em relação à oposição de Vieira.

Reações à AG do Sporting: apenas uma das pessoas abordadas representa os 90% de sócios que votaram a favor da atual direção, contra quatro ligadas à oposição, que valeu 10%.

Há muito que não era dirigente do Sporting, o caso nada tem a ver com desporto... por que razão foi capa?


10. Acham normal que o Sindicato dos Jornalistas nunca se tenha pronunciado sobre nenhum um dos casos descritos acima?

Estes são apenas alguns de muitos exemplos da forma diferenciada (para pior) como a imprensa trata o Sporting diariamente. Se conhecerem jornalistas, peço-vos que lhes coloquem estas questões. Estou curioso para saber as respostas.


Como não compreender Bruno de Carvalho?

Novo texto do 3295C.



Já se conheceram alguns movimentos espontâneos de pequenos, médios, grandes, gigantes até, grupos de pessoas a boicotarem produtos. Pelas mais variadas razões. Bruno de Carvalho é Presidente do Sporting e, por inerência do cargo, o maior responsável pelo símbolo – que em linguagem comercial se poderá designar por marca – que todos adoramos. Que todos idolatramos. Não é por acaso que dizemos que só nos curvamos para o beijar.

No discurso final da reunião magna, o Presidente do Conselho Directivo do Clube admitiu que se poderia resguardar mais e concentrar-se em assuntos de maior relevo no dia que os Sócios deixassem de comprar jornais desportivos e parassem de ver televisão nacional. Riu-se ao ter que recordar a excepção ao canal verde e branco.

O Presidente do Sporting, em tempo algum, se referiu a jornalistas. O desafio, radical como alguns já lhe chamaram, foi um claro apelo ao boicote. Simples. Na qualidade de principal responsável da marca, considerou que em momentos de radicalismos, soluções radicais só podem ser a resposta. Deve-se conversar com as partes com as quais estamos em confronto? Sim, num futuro em que haja respeito à instituição Sporting Clube de Portugal e ao seu Presidente. E jamais se coloque em causa a expressão confronto. É disso mesmo que se trata. Seremos sempre nós contra eles e vice-versa.

Compreende-se Bruno de Carvalho, com o ‘basta’ ao seu estilo, alertando para que a situação não pode, realmente, ficar como está. Atente-se no singelo mas seguro exemplo em baixo.


Quarta jornada da Liga dos Campeões. O Sporting acabava de empatar em casa com a Juventus, somava o sétimo ponto – num grupo que já se sabe com quem – e o rival sofria a quarta derrota, com um golo marcado e 14 sofridos (já agora, os nossos leões tinham oito marcados e nove sofridos – num grupo que… ). O pormenor da diferença dos títulos.

Compreende-se Bruno de Carvalho quando se tenta ver um programa de televisão sobre futebol (não desporto, atenção) e ouve-se o que se ouve sobre o Clube e o Presidente. Que ainda deu autorização para que se publiquem todos os emails do Sporting a que, pelos vistos, tiveram acesso. Depois de se sujeitar à vontade de 25,1 por cento dos associados, um ano depois de ter 86,13 por cento dos votos para a reeleição.

Compreende-se Bruno de Carvalho. Como não compreender? O Sporting conquistou o primeiro título internacional numa modalidade paralímpica colectiva em Portugal. Quantos jornais deram, sequer a notícia? Quantos canais de televisão? No dia em que o Sporting conquistou dois títulos europeus em atletismo, o foco pareceu estranhamente estar na final do Super Bowl. Ou nos anúncios. Foram dois títulos europeus de atletismo, masculino e feminino, que em Alvalade leva-se a igualdade de género muito a sério. Modalidade que já deu medalhas de ouro olímpicas a Portugal. A primeira também foi nossa. Ainda há quem se ria quando nos apresentamos como a maior potência desportiva nacional.

As reacções de alguns associados, mais intempestivas, à saída da reunião magna são lamentáveis. Naturalmente. Agressões fazem perder a razão. Até porque não são os jornalistas – os que vão ao terreno –, são os jornais. E a televisão. É por ela ser foleira.


Não se conta o que se passou na Assembleia Geral porque o que acontece em casa, só aos que lá vivem diz respeito. Já basta quem, mesmo depois dos reiterados pedidos do Presidente da Mesa da Assembleia Geral, não consegue resistir a tirar fotos e a filmar. Diga-se em abono dos mesmos, que não se sabe por que quiseram fazê-lo. Podem não ter enviado a quem quer que fosse e tivesse sido só mesmo para ficarem com uma recordação. É o que dá ter um pavilhão giro e fotogénico, ainda por cima cheio! Mas quem lá esteve, percebeu. 90% de 5.380 sócios não é a Coreia do Norte porque só a comparação é tão estúpida como todos aqueles que a referem. Os tais "chavões" que passam um atestado de ignorância a quem exprimiu o seu desejo em voto e de falso paternalismo ao Presidente do Sporting Clube de Portugal. É tão vergonhoso para quem profere tais falhadas tentativas metafóricas como penoso para os Sportinguistas terem de as suportar. Todos pensam pela sua cabeça e ninguém está inebriado ou hipnotizado. Estão apenas satisfeitos e orgulhosos pela forma como os dirigentes defendem o Clube, algo que realmente este emblema não tem estado muito habituado na sua história recente. Como não compreender Bruno de Carvalho?